Cérebro Pensante

preconceito é opinião sem conhecimento !

Archive for the ‘memórias’ Category

fragmentos de uma modesta trajetória…

O namorado colorido

Posted by cerebropensante em Domingo, 1 Novembro, 2009

No auge de seus 17 anos, caloura de universidade, deixa a modéstia de lado e sente-se no direito de ‘curtir’ , orgulhosamente , sua mais importante conquista, e só quer saber de passar as férias de verão com os amigos na praia.

A temporada promete ser especial e diferente, já que, assim como alguns amigos da mesma idade, pode comemorar a nova fase com aqueles com quem “adolesceu” e que, normalmente, só encontra aos finais de semana, quando viaja para a cidade natal.

Seu circulo de amigos é diverso e seleto, tanto na capital como praia. Neste ultimo caso, muitos pertencem ao grupo de jovens da igreja, todos sempre com alto astral, sonhos e muita alegria para compartilhar, características comuns nessa fase da vida.

Alguns envolvimentos que começam da amizade também são comuns e, acabam sempre acontecendo, pois a segurança do terreno conhecido permite a ousadia de sentimentos desconhecidos…

Assim, ensaia e engata um namoro, com aquele seu amigo, bem humorado,  presença de espírito marcante, inteligente, perfumado, sensível e cuidadoso e que, além de possuir voz deliciosa que acompanha seu violão bem tocado, possui um sorriso lindo…

E, juntos passam esses incríveis momentos de férias (dela, pois ele trabalha) indo à praia juntos, para curtir o sol ou para tomar sorvete e andar no calçadão, em reuniões para tocar / ouvir música, pegar um cinema e outras coisas juvenis e deliciosas…  Os amigos em comum são unânimes em ressaltar as semelhanças entre ambos.

Até que, naquela manhã de sábado, encontram a amiga, comum a ambos, na praia, que confirma a alegria em vê-los juntos, dizendo que combinam em muitas coisas,  incluindo os ensaios musicais…

No momento em que ele se afasta do grupo para um mergulho, sua amiga discretamente questiona sobre a reação de seus pais diante do namoro.  Sem entender muito bem a pergunta, ela comenta que está tudo bem e que eles não tiverem muito contato para qualquer tipo de reação.

 – Não, pergunto se eles não falaram algo a respeito da cor dele.

–  “Da cor dele  ? Como assim ?”  Comenta surpresa e dando-se conta, somente então, do que sua amiga fala…

– “É mesmo, né ? Ele é negro ! Sabe que nem tinha percebido isso ?!?”  E cai na gargalhada com a amiga, que já conhece esse tipo de reação…

O namoro ? Sim, resiste ao verão e às subidas da serra. Mas com a chegada do Outono, as cores mudam e cada um segue seu caminho. Felizmente, com ambos acreditando simples e firmemente que o essencial é invisível aos olhos…

😉

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A entrevista de emprego

Posted by cerebropensante em Sábado, 10 Outubro, 2009

Houve um tempo em que as pessoas eram contratadas através de anúncios em jornal… Sim, jornal daqueles em papel, branco com letras pretas.

Na condição de disponível no mercado, com absolutamente nada a perder, recorta o pequeno anúncio selecionado naquele domingo paulista. Prepara uma cópia de seu CV atualizadíssimo e impresso em papel vergê pérola (o ‘must’ ), com uma pretensão salarial considerável, uma vez que, na prática, ELES a desejam, e não o contrário e, vai até a agência do correio para enviar ao endereço indicado.  Sim, por correio, daqueles com carteiros e caixas amarelas espalhadas pelas ruas da cidade, com a palavra ETC escrita na face externa.

(Nota da autora: no final do século passado, poucas empresas possuiam um Departamento de Recursos Humanos informatizado, com endereço de e-mail para recebimento de curriculos)

Após a viagem intermunicipal, chega ao local procurando pela razão social, fornecido pela responsável do RH e, surpreende-se com o nome fantasia, logo à porta…

Hummm.. então é essa empresa ? E, momentaneamente, arrepende-se de ter pedido um salário tão alto… Mas se esta ali é porque ELES mostraram que a querem, e não o contrário. Respira fundo e entra decidida.

Apresenta-se e permanece na recepção aguardando a saída do outro candidato. Inquieta, pergunta-se qual terá sido sua pretensão salarial ou onde trabalhou… Ao mesmo tempo,  fica observando os painéis com fotos e propagandas do principal produto fabricado e comercializado pela empresa.

Recorda-se, então, de um comentário sobre a importância de conhecer a empresa, o business, para uma boa entrevista. Mas, se a vaga era para administrador de rede local, para que serviriam as pilhas  nesse momento ? Para deixá-la mais nervosa ? Desiste e pega uma revista técnica, para passar o tempo.

A recepcionista, delicadamente, interrompe sua leitura, entrega um crachá que libera sua entrada e, pede para dirigir-se à sala da Gerência de Informática, indicando o caminho.

Ela entra e educadamente cumprimenta o Gerente, por sinal, muito simpático e falante e que além de explicar sobre a empresa, lhe faz inúmeras perguntas, questiona sua experiência passada, situações e qual atitude tomar diante delas e, outras típicas desse tipo de ‘tortura’. Enfim, após quase uma hora, ela está consciente, pelo sinais dele, e pelo próprio coração, que a vaga é sua.

Ao despedir-se, o Gerente, seu futuro chefe, faz a pergunta de prova.

– Bem, você agora já conhece nossa empresa. Conhece os nossos produtos ?

Reticente, mas sem perder a pose, responde:

– Sim, claro, pilhas Sbrubles. Eu as vi no cartaz logo na entrada (…)

Nesse instante, seu “quase-ex-futuro-gerente”, arregala os olhos e sentencia:

– Poxa, realmente você tem muita sorte… Eu saí do Departamento de Marketing há uns 4 anos e, felizmente, essa vaga é para a área de Informática…

Ela não consegue disfarçar o susto e ele, ri muito. Em seguida, discretamente corrige o nome da pilha, informando que é do produto da principal concorrente…

E assim, após a contratação, trabalharam juntos e felizes até depois do findar daquele milênio que trouxe consigo um temido bug, cujas memórias ficaram para trás como se fossem uma pilha gasta.

A única coisa que não entra em discussão é o salário:  plenamente compatível com sua coragem.

😉

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O amigo da faculdade…

Posted by cerebropensante em Segunda-feira, 21 Setembro, 2009

Sempre que seus amigos a visitam na capital paulista, a sugestão é a badaladíssima Pizzeria / Ristoranti , frequentada pela classe artística. Claro que não é somente por esse motivo que, de fato, confere um charme especial ao local, mas também pelo sabor de seus “antipasti” e outras iguarias.

Chegam no local e, enquanto o manobrista recepciona o carro do casal anfitrião, ela adianta-se com a amiga para a entrada e, educadamente cumprimenta o rapaz que esta à porta.

– Olá ! Como vai, tudo bem com você ?

O rapaz meio sorridente, mas muito simpático responde:

– Tudo bem e você ?

Nesse momento, ela simplesmente responde “Tudo bem” e, dá a mão a seu marido, que gentilmente pergunta:

– Você o conhece ?

– Claro, amor, é um amigo da faculdade !

– Tem certeza ?

– Sim, tenho certeza, por acaso sou de cumprimentar estranhos ? (…)

– Ele é seu amigo da faculdade ?!?

– Sim, acho que sim, ou da pós, não me lembro bem, e não tenho motivos para mentir… Você está com ciúmes ?

– Não “minha querida”, sei que não há razão alguma para mentir e, nem tampouco estou com ciúmes, mas sinto em informar que, aquele rapaz não é seu amigo…

–  Ah, é ? Ou melhor, não é ?? E, como você sabe ?

–  Não, ele simplesmente não é seu amigo nem da faculdade, nem da pós…  ele é simplesmente o “Feitosa” (Ailton Graça) da novela (não me pergunte qual delas)

 Minuto de Silêncio..

 – Ah, é ? Bem… eu sabia que o conhecia de algum lugar…

 E entram na Pizzeria, rindo muito (dela é claro) e em busca de outras celebridades para brincar de  adivinhação.

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Uma camisa ecologicamente correta…

Posted by cerebropensante em Quarta-feira, 16 Setembro, 2009

Parecia apenas um dia comum, como outro qualquer…

A habitual parada para o almoço, prometia ser como outra qualquer, já que eram companheiros diários nesse prazer gastronômico.

Ela e seu amigo, dirigiram-se para o usual restaurante no centro da cidade, tipo self service, com buffet variado e grelhados bem servidos e diferenciados, em termos de preço e clientela.

Serviram-se, pesaram seus pratos e andaram em direção ao lado com “vista para o mar” como ela, humoradamente, sempre pedia.

O maitre, solícito, os cumprimentou e indicou a mesa vazia.

Sentaram-se e começaram a comer. Num intervalo e outro, comentavam sobre o dia, sobre trabalho, vida pessoal, música, viagens, como fariam num dia qualquer… O que não era bem verdade… aquele não seria um “almoço qualquer”, com uma “conversa qualquer”, num “dia qualquer”…

Ao final da refeição, estavam apenas conversando quando entrou um rapaz, distinto bem verdade, um quase senhor, usando uma belíssima camisa verde. Não era um “verde qualquer”. Era um verde diferente, algo assim ecológico, “pistache”, muito bonito e, que chamou muito a atenção dela…

Discretamente, o amigo e testemunha, ao perceber sua atenção desviada para outro ponto, perguntou se estava tudo bem, se havia acontecido algo, ao que ela devolveu com a frase “- Está, tudo bem sim, mas tenho a impressão que conheço ‘aquele cara’ de algum lugar …”

Pronto, a senha fora dada.. Seria o sinal de mais um daqueles fatídicos episódios de sua excelente memória visual ?

– Tem certeza ? Você já disse isso outras vezes e, nós dois conhecemos muito bem o desfecho…

E, diante de sua insistência ( “conheço sim, de algum lugar..”), o amigo respondeu:

– Ok, então vá até lá, e converse com ele, cumprimente-o pelo menos… quem sabe você reencontra um velho amigo…

Não foi preciso…

Quase no mesmo instante, o rapaz, já servido, virou-se e caminhou para a mesma direção onde estavam sentados… E, nesse momento, a bandeira do reconhecimento foi hasteada, em toda sua pompa…

Ela, simples e discretamente, escorregou pela cadeira, totalmente sem graça e com o rosto um tanto rosado…

– O que houve ?

– Lembrei de onde ‘o’ conheço, disse ela…

Nesse momento (ainda bem) o tal rapaz percebeu que não haviam mesas disponíveis na direção onde estavam e, então foi obrigado a dar meia volta e sentar-se no lado oposto, com “vista para as montanhas”…

– Ah ! Pelo menos o conhece então ? e quem é ele ?

– Sim, conheço… é meu ex-marido..

Minuto de silêncio… e, em seguida, gargalhadas…

– Eu não disse a você ? Sabia que conhecia ele de algum lugar…

Graças a “mãe natureza”, fora salva de mais um de seus vexames, e no último segundo !

(LCdA, love u buddy !! )

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“Não há presente melhor que o bom conselho.”

Posted by cerebropensante em Sábado, 12 Setembro, 2009

Assim dizia Erasmo (o de Rotterdam)…

Começo esse blog por insistência de uma pessoa especial, dona de uma sinceridade sem um pingo de sensibilidade, mas que curiosamente me cativou com esta transparência sensível e pensante !

Vamos lá, pois como disse o proprio Erasmo, o gosto pela escrita cresce à medida que se escreve…

Me aguardem

🙂

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